terça-feira, 9 de junho de 2015

De peito aberto

“Mantenha-se forte. Amamente com orgulho. Você está fazendo o que é melhor para você e sua família. Toda vez que você compartilha uma foto de amamentação ou amamenta em público sem sentir vergonha, está ajudando outras mães. Elas podem não dizer, mas vêem você. As crianças vêem você. Adolescentes vêem você. Eles estão aprendendo com você o que é socialmente aceitável. Você é a mudança. Não deixe ninguém pôr você para baixo. Nossos filhos vêm em primeiro lugar”, (ativista americana Paola Secor).

Vi essa frase no perfil do instagram @enquantoeuamamento e achei perfeita. Para quem ainda não conhece o blog direito, a minha história com a amamentação é a seguinte: amamentei as meninas até os 8 meses com complementação e o Francisco mama em livre demanda desde que nasceu até hoje com 1 ano e 3 meses e sem data para terminar. Com as meninas, eu e a amamentação éramos grandes desconhecidas. Eu achava que era questão de instinto e levei um tapa na cara logo após o parto. E vamos combinar, não ajudava em nada ficar com pudor. De, em cada mamada, esconder logo peito. Era quase natural fazer isso, fazer o não natural. A gente cresce justamente nos afastando de algo que deveria ser instintivo, colocar o peito pra fora e alimentar o filho. Eu lembro de até pedir uma vez pro meu pai parar de tirar foto enquanto eu estivesse amamentando porque eu não gostava. Acho que esse afastamento com meu próprio corpo, com o meu peito, não facilitou em nada o processo de amamentar.



Ser mãe é um processo e amamentar faz a gente entrar em contato com o nosso íntimo, como em quase tudo para quem se entrega na maternidade. Por que eu sentia aquela vergonha toda? Eu não gostava nem do cheio do leite! Como pode? Se eu tivesse me entregado e confiado no poder do meu corpo, se tivesse mesmo virado um pouco índia seria um pouco diferente. Pra ficar assim de peito aberto é importante também se rodear de pessoas que pensam que a amamentação é um ato natural e necessário. A mãe precisa de suporte, seja do marido, da família, dos amigos e, por sorte nossa, em tempos modernos ainda temos os grupos virtuais que ajudam muito. As nossas mães mesmo viveram outro momento, onde mamadeiras, bicos e leites enriquecidos com maisena eram uma ótima solução, mas era outra época. Por isso, insista na amamentação, esqueça esse papo de que o bebê vai ficar mal acostumado no peito, que não pode chupetar, ou dormir com o peito na boca. Pode tudo. Isso é livre demanda, minha gente! Se joga, índia moderna! Afnal, amamentar também pode ser transformador. Não é nada fácil. Mas amamentar te faz entrar em contato com o feminino, com você mesma.


Com o Francisco já foi diferente. Eu já sabia o que me esperava, que o peito ia doer, que era preciso se entregar. Porque eu descobri no meio do caminho que não precisa de empoderar apenas para o parto, para amamentar também. A gente não pode ter vergonha do que é natural e de ninguém. Agora, com o Francisco com mais de um ano, eu comecei a perceber que muitas vezes eu ficava meio retraída em dar de mamar em público. Antes mesmo de escutar alguma crítica por amamentar de forma prolongada eu mesma já antecipava aquilo. Então, relaxei. E ler essa frase “amamente com orgulho...” me deu ainda mais segurança. Insista, persista, amamente, vale a pena. 

*foto feita pela Maria no celular do Marco enquanto a gente passeava por Paris no batobus

4 comentários:

  1. Tati, seus posts sempre falam do que eu preciso ouvir!
    Tenho duas meninas, a Marcela de 2 anos e 10 meses, e a Catarina de 50 dias, e vc tem me inspirado a muito tempo. Eu nunca tinha pensado nessa entrega ao mundo da maternidade até ler o teu blog pela primeira vez.. depois disso eu percebi que esse também era o meu caminho. Parei de trabalhar pra me dedicar a minha filha, e agora com a segunda tenho feito tudo diferente. Na primeira tive uma cesárea agendada, baby blues e não consegui amamentar. Agora me entreguei num parto natural que mudou a minha vida, não tive nem um minuto de tristeza e amamento desde a hora que ela nasceu. Mas ainda não consegui me libertar do complemento, não sei se pela experiencia ruim que tive com a Marcela, mas tenho complementado sim, mas tentando diminuir a cada dia. E ler um post desse era tudo o que eu precisava pra ter certeza que estamos no caminho certo..

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  2. Eu vou conseguir amamentar a minha segundinha <3

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  3. Adorei! Minha filhota está com 1 ano e 1 mês e pretendo continuar firme amamentando até quando ela quiser, apesar dos olhares tortos e dos comentários (da sogra inclusive) de que está na hora de parar. Beijos

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  4. Lindo... minha menina está com 3 anos e mama.. ainda mais agora que tenho um pequenino com 3 meses. Sempre que vê o irmão mamar ela pede.. Não acredito que haja regras no que fazemos com amor sincero. Se nos trás paz, fazemos.

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