sexta-feira, 16 de maio de 2014

A vida com três

A vida com três é bem corrida, como vocês devem imaginar, e por isso, tá tão difícil escrever. Muita gente tem me perguntado como está o nosso dia a dia e o nosso novo esquema, por isso vou tentar resumir aqui, ainda que quase sempre tem sido uma caixinha de surpresa e a mudança chegou com força e ainda permanece na nossa vida. Francisco está perto de completar dois meses e continuamos no processo de adaptação, tentando criar uma nova rotina. Antes de contar o agora, preciso voltar para o antes, ou melhor, o depois, depois do nascimento dele, a volta pra casa.

Confesso que quando voltei pra casa do hospital, dei uma surtada básica. Estava tão cansada, me sentindo fraca (normal no pós-parto) que pensei: "meu Deus, como vou cuidar de três?". Não tinha energia nenhuma para ficar com as meninas ou brincar com elas e isso foi bem chato, além disso bateu uma culpa terrível. Era muita mudança pra mim e pra elas. O Marco ficou mais por conta delas e meus pais também ajudaram muito nesse processo. Eu surtava, mas sabia que era uma fase e que o cansaço absurdo ia passar. Mas foi nessa hora que decidimos, de supetão, mesmo porque não estava nos nossos planos, e isso é assunto para um outro post, colocar as meninas na escola. O Marco ficou em casa e juntou a licença com mais 15 dias de férias. Quando ele voltou a trabalhar fomos entrando em um novo ritmo aos poucos e com o caos básico que uma família em fase de transição comporta. Em dois meses e meio aconteceu muita coisa, mas no momento a nossa rotina está assim:

Manhã
Eu acordo primeiro com o Francisco, obviamente. Até semana passada ele tinha o seguinte esquema, acordava para mamar 4 ou 5 da matina e ia acordando de uma em uma hora e lá pelas 7 ou 8 justamente quando as meninas acordam ele ficava acordado de vez. Um pouco antes disso eu acordava o Marco e passava ele pra ele e ia tomar café da manhã com certa tranquilidade. Agora ele está acordando 6/6h30 e depois dorme de novo. Uhu! O que me deixa livre para fazer o que eu tiver que fazer até a hora das meninas acordarem que tem sido por volta das 7h, sendo elas dormiam até 9h há duas semanas atrás. Viram como tudo muda por aqui? Então a gente vai se adaptando.

Preguiça matinal

Quando as meninas acordam é hora de ir pra sala tomar café com elas enquanto eu o Marco nos dividimos em quem faz café e quem fica com elas e no meio tempo ainda vamos no banheiro, cada hora um. Aí troca de roupa, come, brinca e no meio disso tudo Francisco mama de novo. Tenho faxineira duas vezes por semana, quando ela está em casa a gente fica mais livre porque ela faz o almoço, então tenta descer com elas, passear, fazer alguma coisa. Quando ela não vem eu tento fazer o almoço, varrer a casa, colocar roupa pra lavar e isso é meio caótico, eu e o Marco vamos revezando, mas nem sempre funciona e quase sempre a casa fica bagunçada. Às vezes minha mãe me socorre e vem fazer almoço ou manda alguma coisa, o que é ótimo!

Brincadeira no corredor, sempre um sucesso

Lavando a louça

11h30. É hora do almoço. O Marco tem que sair pra trabalhar meio-dia. Eles almoçam juntos e eu tb se o Francisco não estiver mamando, o que é raro. De manhã ele tem sonecas muito curtas, acho que em grande parte por culpa da bagunça e gritaria. Mas, ultimamente, as meninas não têm curtido almoçar esse horário, então elas acabam almoçando comigo depois de meio-dia e quando eu fico com elas sozinha, minha gente, preciso admitir que rola uma televisão básica, mickey que elas adoram, de preferência. E é nessa hora que eu tento dar atenção pra todo mundo ao mesmo tempo. Cada dia é diferente. Tem dia que uma das duas faz cocô e tenho que dar banho porque sujou tudo, ou as duas, ou alguém que tentou fazer cocô no penico e errou o alvo, ou Francisco que fez cocô e vazou pras costas. (Ultimamente minha vida tem se resumido a cocô, xixi e algumas vomitadas de leites, sim ter filhos é nojento. Aí dou banho e coloco roupa nas duas enquanto Francisco chora no moisés ou dorme no sling (já aconteceu as duas situações). Se tá muito caótico tento colocar um DVD no meu quarto e dar de mamar pro Francisco deitada junto com elas, ainda que elas fujam e mexem no que não pode, como no dia que elas pegaram um saco de pão de forma e comeram um pedaço de cada fatia, e eu finjo que não estou vendo. Eu olho constantemente pro relógio e espero dar 13h30 que é a hora que meu pai leva as duas pra escola. Quando elas estavam na adaptação e até alguma semanas depois, eu ia junto com o Francisco, levar e buscar, mas pra ele era super estressante e ele chorava horrores no bebê conforto, então meu pai assumiu a tarefa grandiosamente e elas amam andar no carro do vovô e outro dia eu fui buscar as duas e nada de abraço na mãe, elas foram correndo atrás do vovô (as mãe pira).  

Tarde
Quando as meninas saem de casa, em 90% das vezes Francisco está mamando, e aí ele mama pra valer. Uma, duas horas de peito sem parar, acho que ele aproveita o silêncio e a minha exclusividade. Depois ele dorme bem, mas aí depende do dia também. Hoje, por exemplo, mamou uma hora, dormiu uma hora e meia, mamou de novo e agora está aqui na minha frente na cadeirinha de balanço, brincando e conversando com ele mesmo enquanto eu escrevo. Às vezes eu sinto que não consigo fazer nada de tarde, só dar de mamar e no meio consigo arrumar alguma coisa da casa, responder um email, fazer um lanche caprichado. E quando eu vejo já são 18h e tá quase na hora delas chegarem com meu pai. Nessa loucura toda devo ter saído só umas três vezes sozinha com o Francisco, mas pretendo começar a andar por aí com ele.
 

Noite
As meninas chegam 18h30 super cansadas e com sono. Aí entra o modo dar banho, algo pra comer (odeio admitir, mas nem sempre é jantar, quase sempre é um vitamina de banana com leite de arroz), um pouco de TV deitadas na cama da mamãe e dormir umas 20h. Meu pai me ajuda a fazer grande parte dessa rotina noturna até o Marco chegar umas 19h. Enquanto elas estão deitadas na minha cama, a gente dá banho no Francisco.

Momento pós-banho na minha cama

Dependendo do humor/fome dele, eu coloco as duas pra dormir, se não vai o Marco. Sento entre as duas camas, canto uma música e elas dormem rápido. Depois, o Francisco mama, mama, mama e apaga. Demos sorte nesse quesito porque ele sempre dormiu bem essa hora da noite. E ele vai direto até meia noite e, essa semana chegou até às 3h da manhã! Viva! Então é essa hora da noite que eu e o Marco conversamos, jantamos, tomamos banho mas, basicamente, ficamos parados no sofá vendo TV e mexendo no celular, mortos de cansados.

Francisco e Bella na cama da mamãe  

Madrugada
O Francisco no primeiro mês, como um bom bebê, acordava de três/duas horas para mamar. Agora, como eu disse, acorda uma vez só, por volta das 3h, e acho lindo. Mas aí passamos por outra fase: as meninas começaram a acordar de novo. Rá, rá, rá. Juntou com resfriado, febre, crise de ciúme e uma menina que jogou a chupeta no lixo, e passamos por uma semana difícil com elas por aqui. Era muito choro e a gente tentava consolar, levava pra nossa cama e fomos tentando desesperadamente fazer dar certo e acho que encontramos um certo equilíbrio nesses últimos dias. Ufa!  

Cozinhar e arrumar a casa
Basicamente, faço essas duas coisas quando dá. Com uns dez dias depois do parto, eu já estava cozinhando e passando uma vassoura na sala, nada de limpeza pesada, mas foi uma forma de me sentir útil também, cuidar da minha casa. Agora, se tenho que fazer o almoço faço uma coisa rápida tipo macarrão uma carne com legumes e arroz. O Marco entra em ação nessa hora e fica com as crianças enquanto estou na cozinha, nem sempre a comida sai maravilhosa, mas dá certo. Como eu sou a louca obsessiva por bolos, eu prefiro ir pra cozinha do que dormir de tarde, por exemplo. E assim a gente vai levando. Também compramos uma máquina de lavar louça que tem ajudado muito na organização da cozinha. Mas acho que cada vez mais as coisas vão se ajeitando e vai ficando mais fácil de fazer tudo.

A nossa rotina está em constante mudança agora, mas sei que em breve a coisa fica estável. Para ser pai/mãe, é preciso saber que tudo é fase. Muita gente me pergunta: "como você dá conta?". Eu simplesmente faço, gente, me viro, sobrevivo. Ser mãe também é saber "dar um jeito", escolher batalhas, encarar o trabalho porque dá trabalho mesmo e viver o simples viver.

domingo, 11 de maio de 2014

Todo dia é dia das mães

Na escola das meninas não teve comemoração dos Dias das mães. Lá eles não celebram datas comemorativas, especialmente as comercias, por uma questão de linha de pensamento e um mérito que eu não vou discutir aqui, mas eu não achei ruim. Acho que no meio de todas essas homenagens carregadas com rosas e desenhos, existe um realidade mascarada que a gente esquece. A vida real da mãe que está ali na luta todos os dias, e essa é muito mais perto do meu coração agora do que um simples cartão com um "eu te amo, mamãe". Ser mãe é um constante aprendizado e teste de amor, todos os dias. É claro que tem aqueles abraços apertados que fazem a gente sentir um frio bom na barriga, mas também existe a escolha diária de se entregar para um ser, no meu caso, seres, cada vez que você levanta da cama e o seu caminho começa a fazer parte do deles também. A sua vida ganha um novo significado, guiar, educar e amar. Amar incondicionalmente com garra, com força, que muitas vezes exige que você supere tudo, até você mesma, para poder usufruir deste amor.

Ontem, em uma das piores noites da minha vida como mãe, enquanto eu fazia carinho na cabeça da Bella no escuro do quarto delas, fiquei pensando no significado todo desse Dia das mães, e em como eu não estava me sentindo iluminada, mas derrotada pela rotina, tentando buscar ar no meio de uma confusão que às vezes parece não ter fim. Tudo o que eu queria era que a paz e felicidade reinasse, como todas as mães, mas o caos parecia insistir. No meu primeiro Dia das mães como mãe de três, cartões, mensagens e homenagens piegas não vão significar nada, porque mais uma vez eu precisei me superar. Como toda mãe, eu estou tentando desesperadamente. E no fim, pensei em todas as mudanças que a minha família tá passando nesse último mês e poxa, eu podia falar: eu tenho uma família e sabe o quê? Como sempre é só uma fase, e tudo dá certo no final.


Nesse Dia das mães, eu desejo não só pra mim, mas para todas as outras mães, que a gente se cobre menos, sofra menos (pelo amor de Dios) e aproveite mais, não queira que tudo seja perfeito, não fique se comparando com os outros, abrace um pouco o caos, aprenda a ceder, respire fundo quantas vezes for necessário no dia e perceba, por fim, a sorte de fazer parte dessa loucura toda chamada maternidade. *Foto Quitandoca