terça-feira, 27 de agosto de 2013

Desconhecido, mas nem tanto

Eram 10h30 da manhã e a consulta da segunda ecografia do bebê número 3 (a famosa morfológica) estava atrasada. Me bateu um enjoo, uma fome, mas resolvi ignorar e assistir a TV que insistia em continuar em um canal brega na sala da recepção. Chamaram meu nome e lá fui eu ver meu bebê. Ele aparece na tela grande, lindo, coração batendo forte, dois bracinhos, duas perninhas, perfil perfeito. A médica pergunta se eu fiz a sexagem fetal (exame de sangue que faz você descobrir o sexo do bebê a partir da 8° semana, que eu fiz, inclusive, na gravidez das meninas). Eu digo "não, eu não quero saber o sexo, hein doutora?". E ela me fala com cara de assusta: "então, me avisa sempre antes de gente começar, viu? Me avisa!". O-K. (Preciso fazer um post sobre essa escolha maluca que quase ninguém entende, aguardem e confiem).

Me bate uma calma quando faço aquele exame, sei que vai estar tudo bem. Eu me sentia assim com as meninas, mas sempre existia aquele medo que os médicos colocavam na gente de que uma poderia estar se alimentando mais do que a outra porque elas dividiam a placenta e a gravidez de risco, etc. Mas aquele sentimento, o mesmo que eu sinto agora, estava lá. Ao mesmo tempo, me sinto estranha por ver só um bebê dentro de mim naquela tela enorme. Ele lá sozinho, com tanto espaço. É bizarro, eu sei, mas é o que eu sinto. É totalmente diferente, mas a emoção é a mesma. Tudo 100% com o exame, vou esperar a impressão na recepção de novo.

Sem título
Olá, eu sou bebê número 3!

A grávida que estava depois de mim é atendida, sai do exame e nada do meu chegar. Vou reclamar, fico um pouco irritada com o atraso, fico pensando que está chegando a hora do almoço das meninas e pedi para o meu sogro e minha sogra ficarem com elas e sei que o horário deles é limitado também, então não consigo relaxar. Aparentemente, a médica esqueceu de colocar uma coisa no exame, mas "já já fica pronto".

A grávida do meu lado recebe o resultado dela com a foto em 4D do bebê e fica toda feliz. "Ai, é a cara do pai! Vou tirar foto e mandar pra todo mundo. Mãe é besta mesmo, né?". Olhei pra ela e sorri. Pensei: "primeiro filho, com certeza!". Sei o que ela está sentindo, mas não consigo me identificar com ela. Será que fiquei cínica demais? Prática demais? Primeiro, porque eu não gosto da ideia dessas ultras 3D, 4D, acho que não dá pra ver o bebê direito e não vejo graça em ver o bebê antes dele nascer, super entendo quem faz, mas não é a minha. Segundo, será que eu não estou curtindo o momento? Será que esse atraso e o fato da minha cabeça estar em casa com as meninas não me deixa curtir o momento como deveria? Terceiro, não consigo me identificar porque eu não criei expectativas ainda e também não quero me prender a elas.

Outro dia estávamos nós quarto brincando no chão, antes das meninas dormirem, e eu pensei: "eu conheço tanto minhas filhas, essa família, como é bom!". E aí me bateu uma coisa: "E o bebê? Como é que ele vai se encaixar nesse quadro perfeito?". Estou numa fase tão boa e tranquila com as meninas, que por alguns momentos não consegui pensar em qualquer coisa diferente daquilo. E esse bebê tão desejado, tão querido, como ele vai ficar entre nós? E aí percebi uma coisa: bateu o medo do desconhecido. De como será nossa vida como cinco. E sabe o quê? Tudo bem. Eu tenho direito de ter o frio na barriga e gosto dele.

Eu tenho não criar expectativas, mas elas existem, e às vezes, não há como evitá-las. Pode ser que elas venham quando os pais querem ver o rosto do bebê para ver com quem ele vai se parecer ou em pensar em como o novo bebê vai encaixar na família. Pois que venham outras possibilidades e, finalmente, a realidade, quando ela, lindamente, acontecer.

4 comentários:

  1. Tati, eu tenho umas expectativas até estranhas, do tipo o que o bebê "puxará" de mim, o que vai vir do maridex. Detalhe: eu nem to grávida ainda, rs!
    Você tá certa, expectativa é super normal. Tenho certeza que o bebê n. 3 vai se encaixar direitinho nessa família linda. Digo isso porque se nota que há muito amor.
    Beijos,
    Rita

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  2. Oi Tati, te leio sempre, mas comento raramente! Adoro seus textos!
    Parabéns pela nova gestação. Estou na fase das tentativas e eu meu marido pensamos em não saber o sexo do bebê, como você. Já somos bombardeados quando comentamos isso, imagino o que você deve estar ouvindo!
    Lindas reflexões de hoje, viu!
    um beijinho

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  3. e eu ia te perguntar qual é a sensação de ter um bebe na barriga, mas acho que ta respondido hehehe

    ja me perguntaram se eu engravidar de gemeos de novo..
    eu digo que pelo menos ja sei como eh, mas a unica coisa, é que nunca vou saber o que é engravidar de um bebê só..achei ate triste sabe...rssss

    pq ne...se eu engravidar de novo e vier dois, bem provavelmente que a fábrica ta mais que fechada hahahaha

    a nao ser que eu fique rica da noite pro dia, mas da eh outra historia..rss

    lindo seu bebe tati!!
    e eu acho super legal nao saber o sexo.
    eu sempre quis fazer isso na segunda gravidez, nao na primeira.

    quem sabe..


    beijoo

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  4. esses sentimentos aí passaram pelo meu coração e os pensamentos pela minha mente.
    passei a gravidez inteira estranhando o bebê (até soou estranho chamar o bebê de constança agora). ela nasceu, eu senti que nos conhecíamos a vida inteira e não ao mesmo tempo.
    até hoje estou me adaptando a essa nova vida e por outro lado não consigo imaginar como vivi esse tempo sem ela.
    às vezes morro de saudades de ter um tempo inteiro só pro benjoca. fico com ciúmes por ele, sinto vontades de chorar.
    mas quando ela mama e me olha com aquele olhinho, quando ri pra gente (e hoje começou a dar pequenas gargalhadas), eu sinto que foi a coisa mais deliciosa que me aconteceu este ano.

    enfim, não tem como evitar esses sentimentos todos e é até bom sentir cada fase dessas. muito pior que entrar em negação ou fingir que tudo tá lindo
    (ps: eu fiz umas ecografias bem mequetrefes. a última era tão ruim que saí da clínica como quem tinha ido ver um fígado, um rim, qualquer coisa menos um bebê).

    bj

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